Africa Basquetebol

29 setembro 2011

AFROBÁSQUETE MALI 2011 - Esperança e Aurélia na gala das estrelas

O cinquentenário da Federação Internacional de Basquetebol (FIBA-África), que se comemora ao longo deste ano, está a ser motivo de recordação dos grandes feitos da bola-ao-cesto continental, assim como de junção e homenagem às estrelas que ao longo deste meio século se impuseram em África, e não só.


Deste modo, e na sequência do seu jubileu, a FIBA-África, após ter galardoado os jogadores da categoria de masculinos no decorrer do Afrobásquete que teve lugar em Agosto em Madagáscar, desta vez, no Mali, a vez cabe aos femininos, numa cerimónia a ter lugar esta noite, em Bamako.
Duas grandes estrelas moçambicanas serão justamente homenageadas num jantar que contará com a presença de ilustres convidados do basquetebol continental e do Governo maliano. Trata-se de Esperança Sambo e de Aurélia Manave, que se encontram em Bamako desde ontem, juntando-se, igualmente, à festa de uma competição que tem sido bastante interessante.
Esperança e Aurélia, duas das melhores, senão mesmo as melhores basquetebolistas moçambicanas, marcaram aquela que foi conhecida como a geração de ouro da nossa bola-ao-cesto, tendo conquistado África e o próprio país. Foram medalha de prata no Afrobásquete de 1986, realizado no Maputo, e medalha de ouro nos Jogos Africanos de 1991, no Cairo. A nível de clubes, conquistaram pelo Maxaquene a Taça dos Campeões Africanos, em 1991, numa final em que a “catedral” quase desabava.
Apesar de terem sido colegas no Maxaquene, Esperança e Aurélia começaram por ser adversárias e grandes rivais na discussão do título de melhor do país. Enquanto Aurélia sempre envergou a camisola “tricolor”, tal como o seu irmão Aníbal Manave, Esperança iniciou-se no Malhangalene, mais tarde Estrela Vermelha. A seguir, representou o Costa do Sol, antes de se mudar para o Maxaquene.
Na década de noventa, as “tricolores” tinham a melhor formação do país, disputando com frequência competições africanas.
Linguenga: lembram-se da “terror” congolesa?

EM Bamako, e no mesmo hotel onde está alojada a turma moçambicana, encontra-se a nossa bem conhecida jogadora Linguenga, da RD Congo (ex-Zaire), que, à semelhança de Aurélia e Esperança, foi também convidada para o jubileu dos 50 anos da FIBA-África.
Uma das legendas do basquetebol continental, Linguenga foi um verdadeiro “show” no Afrobásquete de 1986, no Maputo, ganho pelo seu país e com o seu excepcional suporte, para além de ter sido “carrasco” do Maxaquene numa das edições da Liga dos Campeões, em representação do Tourbillon, então a melhor equipa do Zaire e uma das mais fortes de África.
Hoje com 50 anos de idade e mãe de dois filhos, Linguenga reside em Paris, onde continua a jogar, mas na divisão secundária do basquetebol francês. Ela é presidente do clube e, ao mesmo tempo, treinadora dos escalões de formação. No presente Afrobásquete, para além de convidada para a gala de estrelas, esta noite, ela é igualmente a principal motivadora das jogadoras congolesas.
Conversando ontem connosco, Linguenga recordou-se imediatamente de três nomes: Esperança Sambo, Aurélia Manave e Maxaquene. Trata-se de referências que para ela são inesquecíveis quando se recorda do basquetebol moçambicano. Ao saber, por nós informada, que Aurélia e Esperança estariam também na homenagem da FIBA-África, expressou a sua satisfação, afirmando que realmente elas merecerem, pois foram duas grandes basquetebolistas do continente.
Secundada por Marta Monjane, ontem uma das estrelas da nossa bola-ao-cesto e hoje dirigente da Federação Moçambicana de Basquetebol e no Mali à frente da selecção, Linguenga é de opinião que a modalidade, no continente, baixou drasticamente, comparado com o que era nas décadas de oitenta e noventa. Segundo disse, as atletas da actualidade não jogam com garra e, para elas, tanto faz perder como ganhar, o que não acontecia nos seus tempos de jogadora.
Linguenga afirma que o exemplo disso é o baixo nível de competição que se assiste neste Afrobásquete, reflexo, também, da inexistência de competitividade nos países africanos. Apontou o caso do Mali, anfitrião da prova, que na sua selecção só tem duas atletas a actuar internamente e que para os X Jogos Africanos do Maputo preferiu se fazer representar pela equipa secundária. “Onde está o trabalho interno e a semente para se colher amanhã?”, interrogou-se esta voz autorizada e conhecedora da modalidade no continente.

Alexandre Zandamela