Africa Basquetebol

23 outubro 2009

ANGOLA : "Queremos recuperar os títulos "

Com 30 anos, Eduardo Mingas é o basquetebolista mais emblemático do Petro, clube que se encontra em Portugal a estagiar. O poste internacional projecta uma temporada dura para o conjunto treinado por Alberto Babo mas sustenta que os títulos estão ao alcance da equipa. Fala ainda de si e da selecção nacional.


Qual a ambição do Petro de Luanda para o resto da temporada, tendo como base as conclusões retiradas do Campeonato Provincial?
Queremos fazer o melhor e alcançar os títulos perdidos nas duas últimas épocas. O Provincial foi positivo, apesar de não nos termos classificado melhor que o segundo lugar, após perder o jogo da final para o 1.º de Agosto, com várias infelicidades pelo meio

A que se está a referir?
Para além da derrota, não conseguimos realizar um bom jogo pois houve coisas que não estiveram ao nosso alcance. Perante esses factos, resta-nos, simplesmente, trabalhar para ganharmos dentro de campo e alcançar os títulos das competições em que estamos envolvidos: Supertaça, Taça de Angola, Campeonato de Angola e Taça dos Clubes Africanos, embora tenhamos a noção de que a nossa missão é muito complicada pois os adversários são muito fortes.

Sente-se como líder da equipa, pois é o único representante da Selecção nessa equipa?
Não me sinto como líder, sou só o terceiro mais velho... Tento é dar o máximo e ajudar os mais novos a incorporarem-se na equipa para fazermos um bom grupo. A equipa é jovem, pelo que as nossas dificuldades começam logo aí...Por isso, temos de lutar muito e unidos para estarmos num só caminho.

De que forma pode ajudar os mais novos, muitos deles pertencentes à Selecção de esperanças?
Para além de jogar, converso muito com todos, principalmente com os mais novos. Há muitos jovens e bastante humildes, dando para perceber, pela forma como trabalham, que têm vontade de aprender e ajudar o clube.

Esse diálogo que trava com eles tem como temas...
Principalmente, chamo a atenção para as coisas negativas que fazem, dentro e fora de campo, numa perspectiva construtiva .Repito para estarem atentos ao que o treinador diz e executa, de forma a serem competitivos e poder em ajudar o Petro.

O Alberto Babo é um treinador muito diferente daqueles que já teve na sua carreira?
Pelo menos não foi um choque. Não foi o primeiro técnico português da minha carreira. Já tive Alberto Carvalho, Luís Magalhães e Mário Palma. Apesar de filosofias diferentes, são todos bons treinadores e que procuram fazer entender os atletas do que pretendem e depois trabalhar nos seus planos.

Por que motivo o Eduardo Mingas nunca emigrou?
Posso dizer que não foi por falta de opções, convites não faltaram. Há cinco anos, tive a oportunidade de ir para o Benfica, que acabou por contratar o Abdel Boukar. Eu jogava no Inter e a direcção do clube não permitiu a minha saída. Já pelo Petro, recebi propostas de uma equipa de Moscovo e outra do Irão. E ainda há pouco tempo ouve qualquer coisa de Israel. Nestes casos, os contratos oferecidos não eram suficientemente interessantes para motivar a minha saída.

Ainda ambiciona experimentar um desafio fora de Angola?
Todo o atleta tem a ambição de querer o melhor para si. É um objectivo que ainda se apresenta no meu horizonte. Se surgir um clube interessado nos meus serviços e a proposta for boa para mim, depois terá de haver um entendimento com o Petro de Luanda...

Considera que o domínio de Angola no basquetebol africano pode estar em causa?
Os basquetebolistas da Selecção tentam dar o máximo para ganhar os títulos africanos, sendo que esta é a forma principal de motivar os jovens para a prática da modalidade. Se assim continuar, forma-se aqui um ciclo que está sempre a dar resultados.

Como explica a animosidade dos espectadores que assistiram ao Torneio Lusofonia, realizado em Julho último, para coma Selecção de Angola?
Os lenços brancos são coisa normal quando os adeptos não gostam do que estão a ver. O treinador Luís Magalhães foi honesto e suficientemente experiente para sublinhar que aquele torneio de Almada não era o nosso objectivo, mas sim trabalhar para aparecer forte no Afrobasket da Líbia, algo que se concretizou, com mais um título. Contudo, o povo angolano está habituado a ganhar e quer tudo de bom logo de início. Os mesmos adeptos festejaram depois tanto ou mais do que nós...

Mas o seu desempenho foi criticado. Chegaram a colocar cartazes com mensagens contra si...
Já estou habituado a essas circunstâncias. Foi sempre assim, pois joguei em equipas mais pequenas que perdia com as melhores. Mas eu era sempre aquele que mais se destacava, por isso, era o principal alvo dos adeptos dos clubes mais fortes. Os cartazes, julgo que tiveram a ver com uma controvérsia que tive com um adepto. Não liguei a isso, preocupei me apenas em fazer o meu trabalho.